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Já ouviu falar no eixo intestino coração e o seu impacto na saúde?

Doenças cardiovasculares continuam a ser a principal causa de morte no Brasil e no mundo

Revilane Alencar é nutricionista

O intestino abriga cerca de 100 trilhões de bactérias, estima-se em torno de dez vezes mais do que a quantidade total de células do corpo humano. Sabe-se que o desequilíbrio da microbiota intestinal pode estar associado a várias doenças, como a depressão, desordens obsessivas compulsivas, obesidade, transtorno de ansiedade, parkinson, alzheimer, assim como, câncer, diabetes, doenças autoimune e doenças cardiovasculares.

Creio que a maioria de vocês já ouviu falar que o intestino é considerado por alguns pesquisadores como nosso segundo cérebro, pois engloba em torno de 500 mil neurônios, o intestino e o cérebro são os dois órgãos mais interconectados do corpo humano. E essa conversa se dá através de um eixo chamado eixo intestino cérebro (tema abordado em artigo anterior). Entretanto, recentemente uma associação entre doença cardiovascular e a microbiota intestinal vem sendo estudada e denominada EIXO INTESTINO-CORAÇÃO.

Nesse contexto, o intestino esta sendo reconhecido por sua significativa influência na saúde cardíaca, pois a microbiota intestinal, seus metabólitos e a inflamação relacionada ao intestino são fatores fundamentais que afetam a estrutura, função e saude cardiovascular. A disbiose intestinal, ou seja, um desequilíbrio na microbiota intestinal, caracterizado entre outras coisas pela diminuição de bactérias benéficas e aumento de bactérias patogênicas pode desencadear respostas imunológicas sistêmicas. Isto resulta em citocinas pró-inflamatórias elevadas, essas substâncias inflamatorias podem “viajar” até o sistema cardiovascular promovendo uma inflamação e impactando negativamente a função cardíaca.

Um intestino comprometido permite que produtos microbianos derivados das bacterias patogênicas como os lipopolissacarídeos (LPS) e alguns metabólitos microbianos como o óxido de trimetilamina (TMAO) por exemplo, entrem na corrente sanguínea, desencadeando uma inflamação. Esta inflamação derivada do intestino poderia favorecer uma disfunção endotelial (o endotelio é a camada interna que reveste os vasos sanguíneos), aterosclerose, hipertensao arterial, dislipidemias, infarto agudo do miocárdio e outras doenças.

Adicionalmente, um estudo revelou diferenças na microbiota de pacientes com insuficiência cardíaca em detrimento a indivíduos saudáveis correlacionando com alguns marcadores de disfunção cardíaca.

Apesar dos avanços nos tratamentos médicos e nas intervenções dietéticas para melhorar a saúde cardíaca, as doenças cardiovasculares continuam a ser a principal causa de morte no Brasil e no mundo. Os principais fatores de risco cardiometabólico são diabetes, hipertensão, dislipidemia e excesso de gordura abdominal, todos afetados por mudanças na dieta. Há décadas já foi demonstrado por exemplo que a taxa de Infarto do miocárdio foi inferior nos países com maior consumo de frutas, vegetais, grãos , e peixes. Desde então diversos estudos tem corroborado com esses achados. Mudanças no estilo de vida, incluindo uma dieta saudável para o coração, são a base de todas as diretrizes de prevenção de DCV e no bom funcionamento da microbiota intestinal, a exemplo dos padrões dietéticos: Dieta do Mediterrâneo, Dieta DASH, dieta MIND, dieta Plant Based (vegetariana), já descritas em artigos anteriores desta coluna. Dietas enriquecidas com fibras alimentares, prebióticos e probióticos, antioxidantes, polifenóis, ômega 3, e reduzida em alimentos ultra processados e refinados, podem promover uma microbiota intestinal diversificada e equilibrada, melhorando a saúde intestinal e influenciando positivamente na saúde cardiovascular.

Revilane Alencar

Nutricionista e doutora em ciências endocrinológicas.