Quando o jogo é de duelos, vence quem lê melhor os espaços.
CSA 3 x 2 Maringá não foi só um grande jogo da Série C. Foi um enfrentamento direto entre dois modelos — com a marcação individual do time paranaense de um lado, e a leitura estratégica de Higo Magalhães do outro.
O Maringá é hoje um dos raros times no Brasil que aposta integralmente na marcação individual o campo todo. Uma ideia que parecia extinta, mas voltou à cena com força. Com Bielsa, Gasperini e outros nomes de referência, a proposta é clara: cada jogador segue o seu. Isso gera intensidade, verticalidade e imposição física. O campo fica grande, o jogo direto aparece mais, e os duelos definem o resultado.
Mas como todo sistema, há riscos: ao perseguir o adversário, abre-se o centro, expõe-se a linha defensiva e depende-se do físico — e do psicológico — em tempo integral.
Higo Magalhães, sabedor do que enfrentaria, espelhou o jogo. Montou o CSA no 5-3-2 defensivo e atacou no 3-2-5. Os duelos estavam em todos os setores: Tito x Cachoeira, Brayan x Ronald, Camacho x Léo Ceará, Tiago Marques x Vilar… até Negueba x Betão, que definiu a virada paranaense no primeiro tempo com dois golaços.
Na etapa final, o xadrez seguiu tenso. Higo mexeu com inteligência: David no lugar de Brayan, Gustavinho no lugar certo, na hora certa. O CSA empatou com Betão, e logo depois Vilar foi expulso ao parar Igor Bahia em ataque promissor.
E aqui entra o ponto-chave: mesmo com um a menos, o Maringá manteve a marcação individual. Era a identidade do time. Mas com menos um em campo, o modelo se tornou suicida. Sem cobertura e com o sistema esticado, Gustavinho desestabilizou a estrutura no drible e deixou Igor Bahia livre para virar o jogo.
Foi a vitória da leitura sobre a rigidez.
Da adaptação sobre a convicção.
O CSA, empurrado por sua torcida — que tem transformado o Rei Pelé em fortaleza —, cresceu no momento decisivo e mostrou maturidade. O G-8 não é sorte: é trabalho, leitura e coragem para reagir.