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Imagem ilustrativa da imagem A SAF é uma solução para todos?

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Blog do Marlon

A SAF é uma solução para todos?


			
				A SAF é uma solução para todos?
Sociedade Anônima de Futebol (SAF) (Foto: Reprodução)

Em meio à efervescência que envolve o futebol e as SAFs (Sociedades Anônimas do Futebol), CSA e CRB parecem dar os primeiros passos nessa direção. Como é de praxe em nosso esporte, o torcedor, movido pela paixão, já se imagina celebrando títulos e anos de estabilidade financeira, mal sabendo que o caminho até essa realidade não é tão simples, nem tão linear quanto parece.

O processo que se desenha à frente dos dois clubes passa, primeiramente, pela adaptação dos estatutos dos times à nova Lei Geral do Esporte, e já há movimentações dos dois clubes alagoanos neste sentido. Esse ajuste burocrático, importante, é apenas o primeiro movimento dentro de um jogo muito maior, onde não está garantido que qualquer proposta de SAF será aceita. Trata-se de uma adequação jurídica, o que coloca ambos os clubes em condições de receber, se assim desejarem, investidores interessados. Ou seja, é o “preparo do terreno”, não a assinatura do contrato.

Com os estatutos revisados, o próximo passo não depende diretamente da vontade dos clubes, mas de um mercado que precisa ser explorado. As agências de captação entram em cena para buscar possíveis investidores, analisando uma série de fatores que determinarão o valor da SAF: o patrimônio dos clubes, a situação financeira, a divisão em que estão, a quantidade de títulos conquistados e, claro, a força da torcida. São cálculos minuciosos que podem determinar o valor de mercado de cada equipe, mas que, na maioria das vezes, não fazem jus à paixão e aos sonhos dos torcedores.

Uma vez definido o preço e os detalhes do investimento, será a Assembleia Geral dos clubes que decidirá, por meio de votação, se aceitará ou não a proposta. Todo esse processo, que pode durar meses, traz consigo um grande desafio: o de conciliar a expectativa do torcedor com a realidade do que uma SAF realmente pode proporcionar. Porque a chegada de uma Sociedade Anônima não é, por si só, a solução para todos os problemas.


			
				A SAF é uma solução para todos?
A primeira onda das SAFs, com clubes como Botafogo, Vasco, Cruzeiro, e Bahia.. Marlon Araújo

É natural que, na visão de muitos, a SAF seja associada à ideia de um “milagre financeiro”, uma espécie de varinha mágica que vai transformar o clube em um gigante. Mas a experiência tem mostrado que isso está longe de ser uma verdade absoluta. Não é todo investimento que resulta em um crescimento sustentável. E, além disso, a adaptação a uma nova administração traz consigo uma série de desafios que exigem paciência, aprendizado e, principalmente, um conhecimento profundo do clube que será assumido. Só o tempo dirá quando e como essa nova gestão começará a gerar lucros — e, em alguns casos, pode ser mais tarde do que o esperado.

A questão aqui é que a concepção de um projeto de SAF precisa ser bem pensada, com objetivos claros, metas definidas e uma visão estratégica de longo prazo. Caso contrário, a chance de a transformação não se concretizar ou de o clube perder a oportunidade de alavancar seu potencial financeiro e competitivo é alta. E o cenário de investimentos que temos hoje pode não se repetir daqui a alguns anos. O tempo de agir é agora. Não é uma questão de ser apressado, mas de entender que, em um mercado globalizado e cada vez mais competitivo, se o clube demorar a se posicionar, pode acabar entrando em um jogo onde todos terão a mesma solução e o diferencial se tornará insignificante.

Em resumo, a SAF não é uma solução mágica. Ela é, sim, uma oportunidade. Mas é preciso saber aproveitá-la. O torcedor precisa entender que o processo não é imediato, e que a chegada de um investidor não é sinônimo de sucesso instantâneo. A verdadeira transformação de um clube passa por mais do que apenas uma mudança administrativa. Ela envolve visão, planejamento e, claro, paciência. O futebol, no fim das contas, é feito de sonhos, mas também de muito trabalho.

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